Páginas

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Alguém

Quero alguém que me faça sentir protegida ao ponto de abaixar a guarda e deixar ser levada, deixar ser salva.
Quero alguém que me faça sentir protegida ao ponto de precisar ser.
Quero alguém que me ame, mas não a cima de tudo, quero que me ame o suficiente.

Quando achei alguém, foi como levar uma bolada bem no rosto no meio de uma partida de queimado da escola. Você espera que a bola te queime, espera que ela encoste em você, mas não assim.
Para alguns isso foi muito bom, para outros foi muito ruim, eu ainda não tenho uma opinião completamente formada, não ainda.
O que realmente aconteceu foi que eu encontrei nele tudo que procurava em um momento e acabei achando tudo que detestava pra vida toda. 
Sou do tipo de pessoal quieta, que grita só quando é muito necessário e não mata nem uma formiga, mas também sou do tipo de pessoa que se guarda em um castelo de paredes grossas e guardas à postos.
Ele era do tipo de pessoa que é escandalosa e dada, o típico e ridículo bobo da corte, gosta de viver na rua e adora uma confusão, fala sobre qualquer coisa e conta tudo da sua vida pra qualquer, repito, qualquer pessoa.
Eu definitivamente não queria um cara assim, mas deixei rolar, achei que fosse ser algo de uma semana, duas talvez.
Mas o tempo passou.
Uma, duas, três semanas.
Um, dois, três meses.
E depois quatro, cinco, seis.
Sete meses.
Comecei a me desesperar.
Não queria aquilo, não queria ele, mas fiquei.
E fui ficando por sete meses, por incrível que parece - para mim - eu estava realmente gostando dele e de todo o resto.
Um, dois anos.
Foi ai que eu fiquei louca, aquilo não podia estar acontecendo. Olha pra ele, todo bobo e infantil, não era pra mim.
E então a bola veio, bem no meio do meu nariz.
Um pedido de casamento.
Entende agora?
NÃO ERA PRA SER.
Não era ele.
Eu não queria que fosse.
Mas mesmo sendo difícil de admitir, eu já havia o feito. Eu o amava.
E enrolei ele por mais três anos.
Engraçado não!?
Sempre dizem que acontece o contrário.
Um, dois, três anos de casado.
Quatro, cinco, seis anos de casado.
Um e depois dois filhos.
Eu queria alguém, me entende?
Não queria ele.
Queria alguém sério, responsável, reservado.
Ele não era nada disso.
Sete anos de casados.
Três filhos.
Sem marido.
Ele não morreu.
Ele não viajou.
Ele me despensou.
Eu queria alguém pra ser meu, só meu.
Alguém que me amasse. Alguém que me protegesse. Alguém pra ser a minha muralha. Alguém que trocasse de turno comigo no chefe de guarda do meu castelo. E ele simplesmente destruiu.
Eu queria esse alguém, não ele.
Mas acabei ficando sem ninguém.
Com treze anos perdidos e três filhos pequenos.
O que o amor não faz com a gente?
Eu realmente gostaria de não ter descoberto.
Assim como não encontrei o meu alguém.


Via Aléxya Gama

Nenhum comentário:

Postar um comentário