Inevitável.
Era isso que me diziam toda vez que me lamentava por algo.
Se meu relacionamento terminava, diziam: O que você poderia fazer? Foi inevitável.
Quando meu avô morreu de câncer no pulmão, minha mãe disse:
A doença já estava muito avançada. Foi inevitável.
Porque raios, as pessoas tentam sempre culpar algo?
Se um relacionamento dá errado sempre tem que culpar um dos dois, mas e se ninguém tiver culpa? E se eles só não se completassem? Bom, aí é simples. A culpa é dos dois, não tentaram o suficiente.
Se alguém morre, as pessoas dizem que já estava velho ou que estava na hora, Deus quis assim. Para mim essa é a pior resposta que poderia se dar. Deus quis?
Que raio de Deus é esse que mata as pessoas? Que raio de Deus é esse que me deixa sofrer?
Viu o que eu fiz?
Culpei alguém.
Porque é isso que nós fazemos, sempre precisamos de um culpado.
Quando minha noiva pediu para conversar comigo, uma semana antes do casamento, fiquei me perguntando o que será que ela queria falar comigo, já que eu estava todo atarefado de trabalho. Precisava adiantar tudo, já que iriamos para lua de mel.
Quando nos encontramos na cafeteria do centro da cidade, pude perceber seu jeito apreensivo, e só por isso já havia ficado receoso do que ela queria conversar.
Uma hora depois que havíamos chego, ela me disse que não poderia mais se casar comigo, ela disse que havia se apaixonado por outro cara, e que não havia me traído, mas que não poderia levar mais isso, ela disse que tinha se esforçado muito, mas que tinha se apaixonado e que havia sido inevitável.
INEVITÁVEL.
Não havia sido inevitável. Ou talvez sim. Não importa.
Ela me largou há uma semana do casamento. Porque havia se apaixonado por outro. E havia sido inevitável.
Eu fui abandonado.
E as pessoas repetiram o que ela havia dito, todos disseram que havia sido inevitável, e que era melhor ela ter me contado do que eu ter sido traído e ter vivido um casamento ruim. Mas como eles sabiam disso? Nós não havíamos tentado. Ela simplesmente viu alguém novo, se apaixonou e usou a desculpa do “inevitável” para não ser contestada. Ela abandonou um relacionamento de seis anos por algo inevitável.
E o que eu fiz? Nada.
Aceitei tudo calado, me levantei, paguei a conta e fui embora. A dor estava me matando.
Foi inevitável.
Via Aléxya Gama
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