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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Minha culpa

Há quinze anos, eu estava em um hospital, deprimente? Muito.
Hoje, ela devia estar fazendo aniversário e super animada para sua festa de debutante.
Hoje, ela estaria com um namoradinho o qual eu ficaria profundamente preocupada se
ele não estaria a magoando.
Hoje, eu deveria ter memórias dela correndo pela casa, gargalhando e quebrando coisas, chorando e se desculpando.
Mas eu só lembro de uma coisa, só tenho uma única memória.
A memória de quinze anos atrás, o choro e o barulho de falta de ar da minha bebê, seu pedido de socorro.
Não culpo ninguém, ninguém além de mim.
Minha pequena nasceria sem pai, o cafajeste havia me abandonado sete meses antes do seu nascimento. E eu com minha cabeça de menina, no auge dos dezoito anos resolvi que deveria fumar para afastar meus pensamentos ruins e as vozes que ouvia toda vez que lembrava dele.
As varias complicações que tive no final da gravidez foram curadas pelos diversos tratamentos que fiz com dinheiro da minha avó, por que, eu queria minha bebê. Odiava profundamente o pai dela por ter me abandonado, mas a amava e a queria nos meus braços.
E infelizmente, minha falta de maturidade e consciência a tiraram de mim.
Eu sou a culpada por não ter minha princesinha.
Me debrucei da janela da minha cobertura em um prédio ao sul da cidade e olhei para o chão, logo depois para o céu.
Nunca achei que podesse aguentar tanto tempo sem minha bebê.
Ela morreu na minha frente, exatos dois minutos depois de seu nascimento.
Não tive nem tempo de pega-la viva.
Corri para o meu quarto e peguei a pequena e única foto que tinha com ela.
Na foto eu estava na maca da sala de parto e minha bebê estava morta nos meus braços, por culpa minha.
Voltei para a janela e olhei para o chão mais uma vez, não havia ninguém na rua e daqui dez minutos o porteiro do prédio e a empregada da casa chegariam e não poderia faze-lo na frente deles.
Esperei dois minutos, até dar 09:16 e me joguei janela abaixo.
Minha princesa havia completado quinze anos naquele instante.
Minha pequena Vitória havia me dado tchau sem ao menos dar o "Olá".
Por minha culpa.

Via Aléxya Gama

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