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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Vamos ler algo novo?

Ih 
Nasceu
Parabéns, é uma menina 
Vai dar trabalho, hein 
Enche de rosa, florzinha
Põe brinquinho
Entucha uma boneca
Ah, que lindo o instinto materno


De aniversário dá uma mini tábua de passar roupa
Um mini fogão com várias panelinhas
Que é pra aprender desde cedo
É do-lar
Do-marido
De outrem
Nunca sua

Cresce
Senta como mocinha!
Tenha modos
Menstrua esse sangue sujo
Vaza
Denuncia
Esconde esse absorvente

Absorva
Não é gente
Tem que estar bonita, arrumada
De peitos de fora na propaganda de cerveja
De mãos decepadas pelo "companheiro"
De sonhos castrados logo na maternidade

Põe mais maquiagem
Tem que ser mais feminina
Vai sair sem batom?
Esconde essas espinhas
Arranca esses pelos que saem de você
São sujos
Imundos
Sua porca!

Gostosa
Meus olhos te devoram
Te constrangem
Te fazem trocar caminhos
Por que anda sozinha na rua?
Não te ensinaram
Que é do-lar?

É minha também
Como uma carne exposta no açougue
Ou uma roupa na vitrine
Te avalio
Acho que tenho direito
Posso te tocar?
Te comprar?
Te comer?
Vadia

Estuprada
Mas com que roupa tava?
Andando a noite na rua?
Também...
Tava pedindo
Provocou com o decote
A saia devia ser curta demais

Morta pelo ex namorado
Ah, crime passional
Ciúmes
Em menos de um mês tava com outro
Merecia
Coitado do homem,
Amava tanto a moça!

Mortas
Todos os dias
Mas renascemos
Nossas raízes são mais profundas
Não vão calar nossa voz, nosso grito
Somos gente!
Existimos!
Resistimos!

Via Beatriz Gon Perez Nardoque



Eu aqui mais uma vez, trouxe esse poema para o analisarmos e tentarmos aderir ao nosso mundo e o entender.
Eu particularmente, não me posiciono em nenhum dos dois lados (feminista e machista), sou sincera e falo logo, aproveito o que os dois tem a oferecer. Gostou? Bom. Não gostou? Não posso fazer nada.
Espero que não fiquem ofendidos(as), é só um poema e cada um interpreta da forma que bem entender.

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